Imagem perturbadora
É extremamente desagradável observar a imagem acima. Isso se deve a uma quebra do padrão habitual a que estão acostumadas as regiões de nosso cérebro especializadas na interpretação de rostos humanos pela evolução (sim, existe uma área cortical específica para isso). Era muito importante quando erámos selvagens identificar rapidamente rostos olhando em nossa direção.
Gostaria de saber como os especialistas em Design (não-tão) Inteligente e Criaburrismo explicam isso.
5 Comentários:
Ae mano
aproveita e duplica as teta, certo
Evolução: Acaso.
Fonte: http://ktreta.blogspot.com/2009/09/evolucao-acaso.html
Um significado de “acaso”, como o António Parente apontou há dias (1), é a causa que desconhecemos. Ou porque o detalhe dos nossos modelos não chega ou porque, tanto quanto sabemos, não há causa para conhecer. Quando ocorre uma mutação temos poucas possibilidades de saber se foi devida a um fotão ultravioleta, agentes oxidantes ou qualquer outra coisa. Por isso dizemos que foi por acaso. E, mesmo que soubéssemos tudo o que é possível saber acerca do sucedido, esbarrávamos no acaso da mecânica quântica. Há um nível de detalhe a partir do qual a própria noção de causa deixa de fazer sentido.
Por isso o acaso, neste sentido, tem um papel tão grande na descrição da evolução como tem nos modelos de qualquer outro processo. O que não quer dizer que a evolução seja por acaso. Como numa explosão, há detalhes imprevisíveis cujas causas não conseguimos identificar mas há outros aspectos que, conhecendo as circunstâncias, é fácil antecipar. Cada molécula de nitroglicerina reage, ou não reage, por acaso. Mas com um número suficiente o resultado, grosso modo, é bastante previsível. Da mesma forma, pelo número de vezes que surgiram em linhagens independentes, sabemos que características como asas, dedos, olhos ou cérebros grandes são uma consequência provável um ecossistema suficientemente diverso e maduro. Mais cedo ou mais tarde, algum organismo há de lá calhar.
E mesmo que uma característica surja por acaso, a sua evolução posterior pode dever pouco à sorte. Não sabemos que mutações fizeram uns machos de uma população ancestral do pavão ter penas ligeiramente mais vistosas que as dos seus competidores. Mas assim que as fêmeas começaram a escolher os parceiros por esta característica condenaram os seus descendentes remotos a uma cauda deslumbrante. É por isso falso que a teoria da evolução descreva a origem das espécies como sendo por acaso, neste sentido de se desconhecer a causa. É como acusar a química de dizer que as coisas explodem por acaso. Há muitos detalhes que nos escapam, mas há também muito que a teoria da evolução permite prever*. Por exemplo, pela anatomia e distribuição geográfica dos outros primatas, Darwin previu que a nossa espécie tinha surgido em África. Por análise filogenética de formigas modernas, Wilson, Carpenter e Brown previram correctamente muitas características das formigas do cretáceo, antes de se conhecer fósseis desses organismos. O uso de pesticidas, antibióticos e vacinas é, ou deve ser, informado pela forma como se prevê que as populações reajam a esta pressão selectiva. E assim por diante.
(continua)
Evolução: Acaso.
Fonte: http://ktreta.blogspot.com/2009/09/evolucao-acaso.html
Um significado de “acaso”, como o António Parente apontou há dias (1), é a causa que desconhecemos. Ou porque o detalhe dos nossos modelos não chega ou porque, tanto quanto sabemos, não há causa para conhecer. Quando ocorre uma mutação temos poucas possibilidades de saber se foi devida a um fotão ultravioleta, agentes oxidantes ou qualquer outra coisa. Por isso dizemos que foi por acaso. E, mesmo que soubéssemos tudo o que é possível saber acerca do sucedido, esbarrávamos no acaso da mecânica quântica. Há um nível de detalhe a partir do qual a própria noção de causa deixa de fazer sentido.
Por isso o acaso, neste sentido, tem um papel tão grande na descrição da evolução como tem nos modelos de qualquer outro processo. O que não quer dizer que a evolução seja por acaso. Como numa explosão, há detalhes imprevisíveis cujas causas não conseguimos identificar mas há outros aspectos que, conhecendo as circunstâncias, é fácil antecipar. Cada molécula de nitroglicerina reage, ou não reage, por acaso. Mas com um número suficiente o resultado, grosso modo, é bastante previsível. Da mesma forma, pelo número de vezes que surgiram em linhagens independentes, sabemos que características como asas, dedos, olhos ou cérebros grandes são uma consequência provável um ecossistema suficientemente diverso e maduro. Mais cedo ou mais tarde, algum organismo há de lá calhar.
E mesmo que uma característica surja por acaso, a sua evolução posterior pode dever pouco à sorte. Não sabemos que mutações fizeram uns machos de uma população ancestral do pavão ter penas ligeiramente mais vistosas que as dos seus competidores. Mas assim que as fêmeas começaram a escolher os parceiros por esta característica condenaram os seus descendentes remotos a uma cauda deslumbrante. É por isso falso que a teoria da evolução descreva a origem das espécies como sendo por acaso, neste sentido de se desconhecer a causa. É como acusar a química de dizer que as coisas explodem por acaso. Há muitos detalhes que nos escapam, mas há também muito que a teoria da evolução permite prever*. Por exemplo, pela anatomia e distribuição geográfica dos outros primatas, Darwin previu que a nossa espécie tinha surgido em África. Por análise filogenética de formigas modernas, Wilson, Carpenter e Brown previram correctamente muitas características das formigas do cretáceo, antes de se conhecer fósseis desses organismos. O uso de pesticidas, antibióticos e vacinas é, ou deve ser, informado pela forma como se prevê que as populações reajam a esta pressão selectiva. E assim por diante.
(continua)
Mas há outro sentido no qual a evolução é mesmo por acaso. No sentido em que é por acaso que encontro um amigo que não combinei encontrar. Não é por desconhecer as causas. Ambos podemos saber bem porque fomos àquele sítio àquela hora. Mas é por acaso que nos encontramos porque o que nos levou lá não visava aquele efeito em particular. E neste sentido toda a evolução é por acaso. Uma mutação no gene da hemoglobina torna-a menos solúvel e confere uma resistência à malária. Por acaso. Não no sentido de não sabermos porquê. O mecanismo é até bem conhecido. Mas por acaso no sentido que a mutação não ocorre por antecipar aquele efeito ou a necessidade de proteger alguém da malária. Não há plano nem propósito nas mutações que a selecção natural mais tarde irá eliminar ou favorecer.
Neste sentido, o acaso já não é uma expressão do nosso desconhecimento. Pelo contrário. Sabemos que as mutações ocorrem sem almejar um efeito futuro porque sabemos como ocorrem, como têm efeito nos seres vivos e que nada neste processo antecipa as vantagens ou desvantagens que isso trará aos herdeiros. Tal como sei que encontrei o meu amigo por acaso porque sei que aquilo que lá nos levou não incluía o objectivo de nos encontrarmos.
Há muito na evolução cuja causa desconhecemos e muito que, em última análise, depende de processos para os quais nem faz sentido falar de causa. Mas, à parte disto, há também este outro acaso. O acaso de nenhuma causa visar o seu efeito futuro. Os meus antepassados que saíram de África para climas mais frios não perderam melanina com intenção de sintetizar melhor a vitamina D quando fossem para sítios com menos sol. Simplesmente os que tinham menos melanina acabaram por ter, em média, menos problemas de saúde e mais filhos.
Cada mutação que herdámos dos nossos antepassados, da bactéria mais primitiva aos nossos pais e avós, é apenas uma entre muitas outras. E todo o nosso ADN é composto por mutações que se acumularam durante milhares de milhões de anos. No sentido de ser imprevisível ou de causa desconhecida, só parte disto foi acaso. As mutações prejudiciais foram quase todas eliminadas pela selecção natural, um processo de causas claras e estatisticamente previsível. As mutações neutras é que foram ou ficaram conforme calhou. Mas no outro sentido dos efeitos não serem o propósito das das causas, tudo isto foi por acaso.
É este acaso que torna a teoria da evolução incompatível com qualquer providência divina ou plano inteligente. Esta incompatibilidade não é imaginada naquilo que chamamos acaso porque desconhecemos as causas. Está patente nos mecanismos que conhecemos. No facto comprovado das mutações não ocorrerem em função do que vai acontecer às gerações futuras.
* Uma objecção comum é que a teoria não pode prever nada porque lida com o passado. Isto é incorrecto por duas razões. Primeiro, o que se prevê é sempre os dados que se vai obter e que ainda se desconhece. A aquisição desses dados está no futuro, mesmo que os dados revelem algo acerca do passado. E, em segundo lugar, a teoria da evolução é usada para prever como se vão transformar populações de bactérias, insectos, ou outros organismos que evoluam suficientemente rápido para nos preocupar.
Tá, tá, tá, Geraldo...
E o que isso tem a ver com o post?
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