quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Per Johannes Hellium


Chocou a nação a barbárie cometida por três cidadãos brasileiros contra o pequeno João Hélio. A revolta toma conta de todos e há o perigo de que se cometa alguma injustiça enquanto o sangue ferve.

Venho aqui, portanto, defender os acusados em nome da Justiça.

Obviamente pessoas capazes de cometer tamanha selvageria não podem possuir domínio completo sobre suas faculdades mentais. São insanos.

"Insano", conforme definido em dicionário luso, significa:

insano
do Lat. insanu

adj.,
insensato;
doido;
estulto
Pergunto, pois, acham justo que pessoas insanas sejam presas como criminosos comuns? É claro que não. Tais indivíduos, pobres coitados, merecem tratamento especial e diferenciado. Tratamento esse que deve ser definido de acordo com o crime cometido.

Vamos ao crime, portanto. O que fizeram os acusados? Arrastaram um menino de 6 anos atrás de um carro durante 10 minutos, por uma distância de cerca de 7 quilômetros. Esses números são frios e impessoais e não nos permitem absorver a real dimensão do acontecido. Partamos, assim, para experimentos mais palpáveis.

  1. Tente segurar sua respiração por 30 segundos. Parece um longo tempo, não? Ele é 20 vezes menor que o tempo durante o qual João sofreu. João foi mutilado e dilacerado durante 600 segundos.
  2. Arraste seu joelho no chão por 50 centímetros. Dói, não? João foi esfregado no asfalto por uma distância de 700.000 centímetros.

Creio veementemente que esse pode ser caracterizado como um crime medieval. Na Idade Média, há aproximadamente 700 anos, antes da invenção da Democracia, dos Direitos Humanos e das Liberdades de Pensamento e Expressão, tais crimes eram comuníssimos.

Descobrimos portanto que os acusados são insanos e que praticaram um crime medieval. Acredito, baseado nisso, que devem receber o tratamento destinado aos insanos há sete, oito séculos atrás.

Ou seja, prendamo-los a um cadafalso e estiquemos seus membros até os limites de ligamentos e tendões. Esmaguemos suas cabeças torpes e insensíveis em tornos mecânicos [*]. Perfuremos suas genitálias com ferros ardentes. Façamos orifícios em seus crânios para libertar os maus espíritos. Arrebentemos seus corpos em grilhões puxados por montarias. Introduzamos uma comprida vara metálica em seus ânus e dilaceremos seus órgãos internos.

João Hélio merece nada menos que isso.


Este é o Malleus Maleficarum.





[*] Para tal tarefa podemos até mesmo contar com o auxílio de nosso Presidente da República, torneiro-mecânico por profissão.

2 Comentários:

Blogger Fred Fomm disse...

A maior prova que os métodos medievais de cura funcionam é que nenhum médico medieval jamais foi condenado ou sequer processado por algum de seus pacientes, diferentemente do que ocorre hoje em dia.

E tenho dito: vou agora mesmo defenestrar meu CRM. Quero trepanar.

(Afinal de contas, é carnaval)

16 de fevereiro de 2007 às 13:52  
Blogger Fred Fomm disse...

"Façamos orifícios em seus crânios(...)"

Gefällt mir sehr.

16 de fevereiro de 2007 às 22:00  

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