CineMalleus - O ano em que meus pais saíram de férias
Dirigido por Cao Hamburger, trata-se de um bom filme para entretenimento rápido, desde que se vá assistí-lo sem grandes expectativas. Alguns chistes engraçados, algumas cenas pseudo-"comoventes", piadas estilo "The Three Stooges"...
O que mais agrada é o retrato da comunidade judaica do Bom Retiro em 1970. Interessante, embora caia no chavão em muitos momentos. O cotidiano infantil é bem caracterizado também, principalmente em relação à procura pelo proibido, conduzida pelas mãos de Hannah (Eva? Lilith?) - papel da excelente e fedelha atriz Daniela Piepszyk. A participação de Paulo Autran logo no início, apesar de breve, é excelente. O ator principal, Michel Joelsas, apesar dos deslizes ocasionais do roteiro - como, por exemplo, o momento em que joga futebol no corredor do prédio vestindo o Tallis de Schlomo - não deixa a peteca cair.
O que menos agrada é a tentativa de maniqueizar o conflito Ditadura Militar x Movimento Comunista no Brasil da época. Tenta inovar e ser politicamente correto (ridículo?) mostrando o namoro de uma jovem descendente de gregos com um mulato. As if.
Em suma, peca um pouco pelo melodrama, sofre devido ao excesso de piadinhas infames, aborda de maneira superficial demais a questão da ditadura. Por outro lado, é um filme leve e agradável, com boas atuações.
Será um clássico na "Sessão da Tarde" em alguns anos. Ainda assim uma grata surpresa por ter sido parido por Cao Hamburger, em cujo currículo figurava apenas seu único trabalho anterior: "Castelo Rá-Tim-Bum"...
O que mais agrada é o retrato da comunidade judaica do Bom Retiro em 1970. Interessante, embora caia no chavão em muitos momentos. O cotidiano infantil é bem caracterizado também, principalmente em relação à procura pelo proibido, conduzida pelas mãos de Hannah (Eva? Lilith?) - papel da excelente e fedelha atriz Daniela Piepszyk. A participação de Paulo Autran logo no início, apesar de breve, é excelente. O ator principal, Michel Joelsas, apesar dos deslizes ocasionais do roteiro - como, por exemplo, o momento em que joga futebol no corredor do prédio vestindo o Tallis de Schlomo - não deixa a peteca cair.
O que menos agrada é a tentativa de maniqueizar o conflito Ditadura Militar x Movimento Comunista no Brasil da época. Tenta inovar e ser politicamente correto (ridículo?) mostrando o namoro de uma jovem descendente de gregos com um mulato. As if.
Em suma, peca um pouco pelo melodrama, sofre devido ao excesso de piadinhas infames, aborda de maneira superficial demais a questão da ditadura. Por outro lado, é um filme leve e agradável, com boas atuações.
Será um clássico na "Sessão da Tarde" em alguns anos. Ainda assim uma grata surpresa por ter sido parido por Cao Hamburger, em cujo currículo figurava apenas seu único trabalho anterior: "Castelo Rá-Tim-Bum"...
1 Comentários:
O Bom Retiro perdeu sua identidade judaica quando os hebreus (em mais um de seus Êxodos) trocaram-no pelo 'Ótimo Retiro', meu nobilíssimo e outrora cristão Higienópolis. Outra grande fatia de seus moradores originais, os oriundi, também evadiram-se em grande número e se espalharam pelo chão. Esse vácuo foi rapidamente ocupado por coreanos, chineses e diversos outros dog-eaters que, com seu idioma rinorreico e sua baixíssima arrecadação tributária, descaracterizaram violentamente a região.
O Bom Retiro é ainda berço da mais grandiosa das instituições humanas - o Sport Club Corinthians Paulista, fundado por ingleses, espanhóis e italianos na Rua da Graça (em frente á loja do barbiere Salvatore) na tarde de 1o. de Setembro de 1910. Tinha um poste comemorativo desta ocasião por ali quando eu era pequeno; hoje, ele sumiu.
E é por isso que me incomodam filmes desse tipo: enquanto se propõem a fazer uma apologia do passado romântico que não volta mais, acabam por celebrar a decadência não só do bairro, mas de São Paulo de uma maneira geral: a cidade que poderia ser e não foi; a megalópole violenta que, imersa num lodaçal pós-moderno e mal-cheiroso, afunda cada vez mais neste caos desesperador da ausência de perspectivas.
E o Retiro hoje, poverello, é o Cao chupando manga.
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