segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

hortus in urbe


- leges sine moribus vanae -

Para aqueles que não sabem, começou hoje a cobrança de Zona Azul nos estacionamentos do Parque do Ibirapuera, aqui mesmo em San Paolo, capital da Zâmbia. A quantia de R$ 1,80 passa a ser surrupiada por nosso prefeito fariseu de cada cidadão que deseja aproveitar um dos poucos lugares civilizados deste burgo - a cada duas horas.
Detalhe mórbido: O tempo máximo de permanência nas vagas é de 4 horas. Aqueles que o excederem terão o prazer de contribuir com uma multa de R$ 53,20. Tenho certeza de que tal dinheiro será bem empregado na conservação do parque...
(O parque a que me refiro obviamente é a Disneylândia, onde certamente algum filhote de deputado irá aproveitar suas férias.)

Por quê não sobretaxar bailes funk, casas de forró e outras perversões da natureza?

Em meio ao caos acinzentado que é este município reluz verdejante o Ibirapuera.

A palavra Ibirapuera vem do tupi antigo ybyrapuera, composto de ybyrá ou imyrá (árvore, cipó, pau, madeira) + puera (velho, estragado, usado, o que foi), significando o que foi pau ou cipó; pau velho, cipó velho, madeira estragada; o que foi árvore.

Concordo com os índios. O Ibirapuera já foi pau e cipó. Agora é fonte de renda da máquina estatal...

Entristece-me morar neste país.

Este é o Malleus Maleficarum, enlutado pelo parque.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

ceteris paribus



Na foto superior vemos Sampa City, Zâmbia, sexta-feira, 12 de Janeiro de 2007. Abaixo do xis temos San Antonio, Guatemala, 23 de Fevereiro de 2007.
O que acontece na latino-américa?
Iniciou-se algum concurso de incompetência em obras públicas e não fui comunicado?
É revoltante assistir ao descaso das autoridades públicas, regiamente recompensadas por nossos impostos.
É patético saber que vidas humanas são perdidas para economizar cimento ou a contratação de pessoas capazes.

Não é por acaso que os habitantes originais deste continente adoravam o sol no mesmo momento em que os habitantes de outro continente navegavam até aqui em suas imponentes embarcações, guiados por suas bússolas, para com suas armas torná-los escravos...
Pelo que se percebe, seu espírito continua presente.

Este é o Malleus Maleficarum.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

alterius non sit qui suus esse potest

Frase apócrifa de Bush diz:
"É um absurdo! Metade dos americanos (no sentido de estadunidenses) tem QI abaixo de 100!"


Aparte a obviedade ululante e despreparada, faz pensar...

Onde de facto estabelece-se a fronteira entre o humano e o animal? Em que reside tão importante diferença?

Vejamos:

A enciclopédia define humano como:

"Os humanos adoptam uma postura erecta que possibilita a libertação dos membros anteriores para a manipulação de objectos, possuem um cérebro bem desenvolvido que lhes proporciona as capacidades de raciocínio abstracto, linguagem e introspecção."

O que interessa aqui são três coisas (afinal de contas, a bipodalidade qualquer galinha tem!):

  1. Raciocínio abstrato
  2. Linguagem
  3. Introspecção

By the manners of the Ripper, vamos esquartejar tais conceitos.



{1} Raciocínio abstrato


O quê entendemos disso? Novamente apelo à definição alheia (em vã tentativa de que não me julguem tendencioso):

"Raciocínio Abstrato:
É a capacidade para extrapolar conhecimentos para uma situação atual, compreendendo similaridades, comparando e classificando conceitos, idéias e símbolos."


Agora sim! Partamos do princípio.
Para "extrapolar conhecimentos" é necessário que tais conhecimentos tenham sido adquiridos a priori. A humanidade, portanto, presume a aquisição infindável de conhecimento.
Para extrapolar é necessário o treinamento das áreas cognitivas.

Guardamos essa informação e seguimos adiante.



{2} Linguagem

A definição de linguagem é muito necessária:

"linguagem
s. f.,
expressão do pensamento, por meio de palavra;
qualquer meio de exprimir o que se sente ou pensa;
conjunto de sinais, visuais ou fonéticos, através dos quais se estabelece a comunicação;
idioma;
estilo;
voz dos animais;"
Gostaria de focar somente na definição destacada em negrito, já que esta é a que mais se assemelha aos conceitos até agora discutidos. A segunda e a sexta são quase sinônimos.
Exprimir pensamento presume o processo de pensar, antes de mais nada.
Além disso, conclui-se a necessidade da capacidade de expressar-se pela palavra.

Guardemos mais essas informações.



{3} Introspecção

Conceito mais importante, embora de difícil assimilação. Segue, como antes, a definição:

"introspecção

do Lat. introspectione

s. f.,
exame dos pensamentos, impressões e sentimentos próprios;
observação e análise dos processos da própria mente;
auto-exame da consciência."


Em suma, as três linhas podem ser traduzidas por um simples conceito: auto-crítica.
Agora que estamos familiares com os conceitos que nos tornam humanos, vamos reenumerá-los:

  • aquisição infindável de conhecimento
  • treinamento das áreas cognitivas
  • pensar
  • capacidade de expressar-se pela palavra
  • auto-crítica

Agora que somos capazes de entender perfeitamente o que nos faz humanos, olhemos ao redor.
Ficaremos mais tristes que Bush. Muito mais tristes.

Recentemente foi apreendido um caminhão transportando 40 brasileiros através das fronteiras ianques. Duas conclusões e uma pergunta podem ser abstraídas:

  1. O ciclo histórico sempre se repete, isto é fato. Desta vez, contudo, estamos do lado mais desagradável do navio negreiro...
  2. O Brasil mantém suas características tradicionais, sendo forte na exportação de produtos agropecuários...
  1. Brasileiro é humano?

Este é o Malleus Maleficarum.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

O Inca e o Flato



Muito se tem falado sobre o gás boliviano e a política externa de Evo Morales.
Pouco tenho a dizer sobre a dependência do Brasil em relação ao GLP dos índios além da óbvia incompetência na administração dos derivados de petróleo por parte de nossa querida empresa estatal. O que esperar de uma empresa que, responsável pela exploração de todo o petróleo de nossas bacias, consegue manter-se deficitária, necessitando de subsídios governamentais? É de doer!
Como no ditado texano:

"O melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo bem administrada.
O segundo melhor negócio do mundo é uma empresa de petróleo mal administrada."



Mas não é sobre isso que desejo discorrer...
O que me aborrece é a desfaçatez com que esse índio bruto e deselegante empoleira-se em seu paisinho de décima-terceira categoria, crendo piamente que pode discutir de igual para igual com quem quer que seja.
Morales recentemente humilhou publicamente este país ao invadir com suas forças armadas (estilingues? tacapes? fundas?) uma das refinarias brasileiras instaladas em seu país.
O que fez nosso presidente nonodáctilo? NADA! Acabrunhou-se e escondeu-se sob a asa da diplomacia.
Agora Evo quer aumentar o preço do gás. Nossos hermanos (aqueles que nos chamam de macaquitos) concordaram imediatamente. Claro. O gás boliviano representa uma ínfima fração do que é consumido na Argentina. Não é o nosso caso. Dependemos do gás inca para manter funcionando os altos fornos da indústria pesada nacional.
Qual é a solução?
Arrebentar as fuças do índio! Vamos terminar de fazer o serviço que os espanhóis deixaram pela metade!
Afinal de contas, para quê gastar o meu dinheirinho comprando tucanos, a-eme-xises e porta-aviões sucateados?


Hmmm... Peidei!


Este é o Malleus Maleficarum.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Per Johannes Hellium


Chocou a nação a barbárie cometida por três cidadãos brasileiros contra o pequeno João Hélio. A revolta toma conta de todos e há o perigo de que se cometa alguma injustiça enquanto o sangue ferve.

Venho aqui, portanto, defender os acusados em nome da Justiça.

Obviamente pessoas capazes de cometer tamanha selvageria não podem possuir domínio completo sobre suas faculdades mentais. São insanos.

"Insano", conforme definido em dicionário luso, significa:

insano
do Lat. insanu

adj.,
insensato;
doido;
estulto
Pergunto, pois, acham justo que pessoas insanas sejam presas como criminosos comuns? É claro que não. Tais indivíduos, pobres coitados, merecem tratamento especial e diferenciado. Tratamento esse que deve ser definido de acordo com o crime cometido.

Vamos ao crime, portanto. O que fizeram os acusados? Arrastaram um menino de 6 anos atrás de um carro durante 10 minutos, por uma distância de cerca de 7 quilômetros. Esses números são frios e impessoais e não nos permitem absorver a real dimensão do acontecido. Partamos, assim, para experimentos mais palpáveis.

  1. Tente segurar sua respiração por 30 segundos. Parece um longo tempo, não? Ele é 20 vezes menor que o tempo durante o qual João sofreu. João foi mutilado e dilacerado durante 600 segundos.
  2. Arraste seu joelho no chão por 50 centímetros. Dói, não? João foi esfregado no asfalto por uma distância de 700.000 centímetros.

Creio veementemente que esse pode ser caracterizado como um crime medieval. Na Idade Média, há aproximadamente 700 anos, antes da invenção da Democracia, dos Direitos Humanos e das Liberdades de Pensamento e Expressão, tais crimes eram comuníssimos.

Descobrimos portanto que os acusados são insanos e que praticaram um crime medieval. Acredito, baseado nisso, que devem receber o tratamento destinado aos insanos há sete, oito séculos atrás.

Ou seja, prendamo-los a um cadafalso e estiquemos seus membros até os limites de ligamentos e tendões. Esmaguemos suas cabeças torpes e insensíveis em tornos mecânicos [*]. Perfuremos suas genitálias com ferros ardentes. Façamos orifícios em seus crânios para libertar os maus espíritos. Arrebentemos seus corpos em grilhões puxados por montarias. Introduzamos uma comprida vara metálica em seus ânus e dilaceremos seus órgãos internos.

João Hélio merece nada menos que isso.


Este é o Malleus Maleficarum.





[*] Para tal tarefa podemos até mesmo contar com o auxílio de nosso Presidente da República, torneiro-mecânico por profissão.

Carne Levare, o fim da música e outras coisas

Carne Levare - Festa católica e espiritualizada


A festa hedionda inicia-se amanhã. Em certos lugarejos das regiões mais setentrionais do país já começou há tempos e não tem data para terminar. Brasília incluída.
Fagocitada pela Igreja Católica a partir de bacanais pagãos, foi transformada pelos séculos em um período em que o Zé-Povinho toma as rédeas do mundo e libera seus instintos primatas. O país inunda-se por uma semana com insuportáveis batucadas e patéticas fantasias. São os bobos da corte tornando-se... Corte.
Por alguns dias torna-se difícil manter as orelhas a salvo. Eles estão em todos os lugares, mantendo seus dedos e polegares não-opositores ocupados na tentativa de aumentar mais e mais o volume. Não se cansam.
Quem dera, porém, que tal fenômeno ocorresse apenas durante uma mísera semana por ano. Não. Amanhã começa apenas o apogeu da detestável cruzada nacional que tenciona destruir a boa música.
Pensemos.
Outros países são capazes de produzir ritmos desagradáveis. Qual, porém, rivaliza-se com o Brasil? Além de nossos tradicionais produtos de exportação - futebol, travestis e prostitutas - inundamos o mundo com uma série de arremedos musicais:
  • Samba
  • Pagode
  • Axé
  • Funk
  • Forró
Tais "estilos" musicais agem como vírus, invadindo os proto-encéfalos de menor vigor que abundam por aqui, disseminando-se exponencialmente e relegando a nichos restritos a boa música.
Nesse feriado isolar-me-ei em um sítio a fim de evitar a Síndrome de Boerhaave. Qualquer desgraçado que tentar infectar-me com suas musiquetas será recompensado com a compreensão do motivo pelo qual o homem branco dominou o mundo há alguns séculos apenas com alguns gramas de chumbo, enxofre, salitre e carvão vegetal.

Este é o Malleus Maleficarum.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Dissecando por planos


Este blog inicia-se como tudo na mídia atual. Cópia da cópia da cópia... Há alguns anos conduzi um blog de relativo sucesso. Esse inspirou a criação, em parceria com um bom amigo, de um malfadado blog, retirado do ar devido à pressão do populacho.
Eis que esse amigo retorna das cinzas com um novo blog e sinto, subitamente, a necessidade de voltar a externar minhas idéias toscas.
Sejam bem vindos, mas não muito à vontade. Sobrarão bordoadas para todos.

Este é o Malleus Maleficarum.